Continuando nossa saga, vamos resolver a segunda questão da Prova de 2013.
Esta considero trazer uma pegadinha, que sem a devida atenção, pode nos levar ao erro.
Mais uma vez, colarei o texto base para solução e logo após a questão.
02. Assinale a alternativa contendo passagem em que o autor
simula dialogar com o leitor.
(A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua existência
plebeia.
(B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu cheguei...
(C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux”.
(D) Sim, meu caro paulista...
(E) Ah, paulishhhhta otááário...
Resolução: Como disse, esta questão requer mais atenção. O comando fala para assinalarmos passagem em que o autor simula diálogo com o leitor... A pegadinha é que no texto há várias simulações de diálogos, mas muitas são entre o autor e o paulista, entre o paulista e o garçom etc... E isso nós veremos ao analisarmos as alternativas.
O risco da questão é se encher de emoção, encontrar uma simulação de diálogo (coisa fácil nas alternativas propostas) e não se atentar aos envolvidos (erro que este que vos escreve cometeu!!!)
Alternativas...
(A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua existência
plebeia. Incorreta, embora seja a simulação de um diálogo, envolve o autor e o paulista (não o leitor, como pedido no comando da questão)
(B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu cheguei... Incorreta, embora seja a simulação de um diálogo, envolve o paulista sofredor e o garçom (não o leitor, como pedido no comando da questão)
(C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux”. Esta é alternativa CORRETA, simula diálogo entre o autor e nós, leitores.
(D) Sim, meu caro paulista... Incorreta, embora seja a simulação de um diálogo, envolve o autor e o paulista (não o leitor, como pedido no comando da questão)
(E) Ah, paulishhhhta otááário... Incorreta, pois trata das divagações do garçom.
GABARITO - LETRA C
Esta considero trazer uma pegadinha, que sem a devida atenção, pode nos levar ao erro.
Mais uma vez, colarei o texto base para solução e logo após a questão.
Leia
o texto, para responder às questões de números 01 a 11.
Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux” (*):
sentado, ao fundo do restaurante, o cliente paulista acena, assovia,
agita os braços num agônico polichinelo; encostado à parede,
marmóreo e impassível, o garçom carioca o ignora com redobrada
atenção. O paulista estrebucha: “Amigô?!”, “Chefê?!”,
“Parceirô?!”; o garçom boceja, tira um fiapo do ombro, olha pro
lustre.
Eu disse “cliente paulista”, percebo a redundância: o paulista
é sempre cliente. Sem querer estereotipar, mas já estereotipando:
trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das
vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.[...] Como pode
ele entender que o fato de estar pagando não garantirá a atenção
do garçom carioca? Como pode o ignóbil paulista, nascido e
criado na crua batalha entre burgueses e proletários, compreender
o discreto charme da aristocracia?
Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes de tudo
um nobre. Um antigo membro da corte que esconde, por trás da
carapinha entediada, do descaso e da gravata borboleta, saudades
do imperador. [...] Se deixou de bajular os príncipes e princesas
do século 19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou gim tônicas
para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques para Tom
e leites para Nelson, recebeu gordas gorjetas de Orson Welles e
autógrafos de Rockfeller; ainda hoje fala de futebol com Roberto
Carlos e ouve conselhos de João Gilberto. Continua tão nobre
quanto sempre foi, seu orgulho permanece intacto.
Até que chega esse paulista, esse homem bidimensional e
sem poesia, de camisa polo, meia soquete e sapatênis, achando
que o jacarezinho de sua Lacoste é um crachá universal, capaz de
abrir todas as portas. Ah, paulishhhhta otááário, nenhum emblema
preencherá o vazio que carregas no peito - pensa o garçom,
antes de conduzi-lo à última mesa do restaurante, a caminho do
banheiro, e ali esquecê-lo para todo o sempre.
Veja, veja como ele se debate, como se debaterá amanhã,
depois de amanhã e até a Quarta-Feira de Cinzas, maldizendo a
Guanabara, saudoso das várzeas do Tietê, onde a desigualdade
é tão mais organizada: “Ô, companheirô, faz meia hora que eu
cheguei, dava pra ver um cardápio?!”. Acalme-se, conterrâneo.
Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom carioca não
está aí para servi-lo, você é que foi ao restaurante para homenageá-
lo.
(Antonio Prata, Cliente paulista, garçom carioca. Folha de S.Paulo,
06.02.2013)
(*) Um tipo de coreografia, de dança.
02. Assinale a alternativa contendo passagem em que o autor
simula dialogar com o leitor.
(A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua existência
plebeia.
(B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu cheguei...
(C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux”.
(D) Sim, meu caro paulista...
(E) Ah, paulishhhhta otááário...
Resolução: Como disse, esta questão requer mais atenção. O comando fala para assinalarmos passagem em que o autor simula diálogo com o leitor... A pegadinha é que no texto há várias simulações de diálogos, mas muitas são entre o autor e o paulista, entre o paulista e o garçom etc... E isso nós veremos ao analisarmos as alternativas.
O risco da questão é se encher de emoção, encontrar uma simulação de diálogo (coisa fácil nas alternativas propostas) e não se atentar aos envolvidos (erro que este que vos escreve cometeu!!!)
Alternativas...
(A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua existência
plebeia. Incorreta, embora seja a simulação de um diálogo, envolve o autor e o paulista (não o leitor, como pedido no comando da questão)
(B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu cheguei... Incorreta, embora seja a simulação de um diálogo, envolve o paulista sofredor e o garçom (não o leitor, como pedido no comando da questão)
(C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux”. Esta é alternativa CORRETA, simula diálogo entre o autor e nós, leitores.
(D) Sim, meu caro paulista... Incorreta, embora seja a simulação de um diálogo, envolve o autor e o paulista (não o leitor, como pedido no comando da questão)
(E) Ah, paulishhhhta otááário... Incorreta, pois trata das divagações do garçom.
GABARITO - LETRA C
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